Cultura

Teoria reactiva do todo | Vítor Burity da Silva

“o desenvolvimento no ego de atitudes e interesses conscientes, socializados, que são a antítese de certas tendências infantis, não-socializadas, que continuam persistindo no inconsciente”.

(Healy)

 

 

De zero a uma partida cumulativa onde pensamentos elaborados descreviam no escuro a possibilidade de uma luz contra a nossa verdade que sonhava ainda deitada numa álgebra canónica, tal como se de nada soubesse para nada concluir.  Comutativa, a matemática rasurada em números de bússolas estampadas ao longe da raiz quebrada bem cedo, nada dali enquanto se pensava na areia queimada do tempo. 

 

Entre espaços, contar passos, olhar o silêncio das coisas e dos átomos verdejantes, a floresta cansada e o laboratório aberto naquele círculo redondo de pasmisses voluntárias contando neutrões nos paladinos do sucesso e deu errado. Para tantos. Quase todos ali e de mais lugares, diziam-me os meus professores de física na primeira esquina da matemática obtusa ali comigo onde esfarelava raivas e nervos, embora calado dividia o tempo do termo e cantava para que aves de rapina me ensinassem a voar como elas. Era a velocidade, pensava eu, quase sempre de mim tudo partia da velocidade, do cansaço provocado pela lentidão das nuvens, do vento e do todo. Parei por dentro. 

 

E de P sobre I resultava em episteme. Resultava em triângulos com asas apontados para o céu onde provavelmente existisse já o cântico 5 da soma pensada em 2 + diálogo x o vértice era = a 1, pontiagudo, no cimo da convulsão e abria as asas, x 2 + 1 sobre 33 resultaria nos átomos encontrados e a velocidade em si somada fazia congelar os relógios do tempo imaginado.   

 

Os cálculos vestem-se de tempo e sobrevivem, a indumentária calculada ainda nos tubos de ensaio, a máquina de escrever e a multiplicadora tardia, raízes quadradas tantas vezes somadas e desaparecidas, o tempo alimenta-se de verdades infinitas instaladas que estão entre nós sem que haja como duvidar delas, as distâncias entre pontos fulcrais e as quedas de objectos sobre superfícies estudadas para o efeito, é relativa a mentira sobrepondo-se à verdade do tempo, daí, não existir, não ser verdade, uma episteme voluntária de vontades e só, nada mais comprovará outras existências a não ser a medida entre espaço e tempo. 

 

O topo crescente entre as almas defuntas, clico nas aspas deste silêncio onde me deparo sem me aperceber com Ena cozinha, tresmalhado, segui ou continuei contando cantigas e escrevendo sobre o branco claro da folha inerte do papel que uso: AB + XY → AX + YB.  

 

Após tudo isso, debruçado já no sofá castanho e farto de mim, o escuro plantado em circunferências sob imagens de toupeiras vaidosas entre sombras e alegorias, 2 NO(g) + 1 Br2(g) → 2 NOBr(g), adormeci nem imagino, o dia ao fim de tudo isto é apenas o cálculo entre verdades apenas com verdades representadas e a sala abrira-se, chegam os átomos amigos para que se ponha fim à vergonha existencial nesta parte de mundo.

Vítor Burity da Silva, natural do Huambo, Angola, a 28 de Dezembro de 1961.

Professor Honorário;

Doutor Honorário em Literatura;

Ph.D em Filosofia das Ciências.

 

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