Luís Correia Mendes


Quando escrevo poesia ou prosa poética sobre a Ilha, tento de uma forma simples e através de uma linguagem coerente, sentir à distância e no tempo uma experiência movida por contextos civilizacionais diferentes, mas ligados por um sentimento de solidariedade humana exemplar como nunca senti, sempre presente.
Ao elaborar este pequeno texto, dedicado à classe piscatória da Ilha, tentarei ser breve, saudando efusivamente o espírito de resiliência e resistência desta comunidade que se estabeleceu há mais de 5 séculos neste pedaço de terra antes da chegada dos árabes e dos portugueses, sendo ainda hoje o principal motor da economia.
A deslocalização do meu cérebro não apagou a essência principal do processo de Contínuas Adquiridas Competências baseado na elegância, no sorriso, que de uma forma silenciosa e imperiosa me marcou.
Muitas vezes de madrugada, tentava compreender e integrar o pensamento da comunidade dos pescadores quando pela manhã, partia para o mar onde com o seu ceticismo caracterizava essencialmente a ciência dos seus limites humanos.
Sem grandes infraestruturas ainda hoje, a atividade desenvolve-se essencialmente nas proximidades da costa, com embarcações de pequeno porte cuja construção ou reparação se desenvolve em moldes artesanais.
As principais técnicas utilizadas com o tipo e tamanho das embarcações são o arrasto para a terra, as linhas de mão, o emalhe e a pesca submarina em menor escala.
Não obstante as carências existentes, com Covid 19 ou sem Covid 19, existe a imperiosa necessidade de se mudar o paradigma do conhecimento sobre o exercício desta atividade de forma sustentável, enquadrada dentro do ecossistema.
A inclusão da demanda qualificada existente nesta comunidade, deverá ser efetuada através de uma estratégia onde os fatores principais serão:
1 - Deslocalização- Aprendizagem a ser efetuada em qualquer local
2 - Liderança- Colocar alguém a fazer alguma coisa na maior perfeição que a tua
3 - Atitude- Cortesia será sempre uma manifestação de agrado
4 - Desobediência- Inovação, Superação, Contruir dentro do Ecossistema
O saber desta comunidade piscatória estabelecida na Ilha de Moçambique rege-se há muitos anos sobretudo pelo cumprimento de objetivos específicos, metodologias, motivações enquadradas, necessitando que o conhecimento do senso comum, seja inserido no conceito de ciência.
Creio que poderá ser estabelecida uma Parceria Técnica de Contínuas Adquiridas Competências que revolucionará a Economia da Ilha, tendo também como suporte as Instituições Bancárias existentes no local.
Potenciar os recursos do Mar de uma forma sustentável é um modelo de Parceria Estratégica de Capacitação Estruturalmente Sustentável (PECES) com Centros de Conhecimento, Banca, Seguros, ONG´S, podendo contribuir para a realização do compromisso dos 17ODS.
Luís Correia Mendes
Lisboa, 30. 08. 2020

Luís Correia Mendes
NOTA BIOGRÁFICA: Luis Felipe Correia Mendes nasceu a 24 de Julho de 1949 na cidade de Nampula,Moçambique.
O seu habitat até aos 20 anos, cingiu-se àquela nesga de terra, cercada pelo Índico por todos os lados.
Ali, na Ilha de Moçambique à medida, do seu crescimento e do contacto com as mais diversas culturas lá radicadas, desde há muito, foi estruturando a sua mente para espaços mais amplos de sonhos e gentes por tocar.
O mini-mundo em que viveu despertou-o para encetar a caminhada na procura da sua verdadeira identidade humanista.
Estudou Sociologia no Instituto Piaget em Almada e Direito na UCM na cidade da Beira, possuindo uma Pós Graduação em Coaching através do Training NLPC.INCTA Porto.
A nível profissional trabalhou na Banca durante 42 anos tendo feito parte dos Quadros do BNU e da CGD em Portugal. Pertenceu também aos Quadros Directivos do BCI e do Banco Único em Moçambique.
Como, poeta iniciou a sua actividade em Janeiro de 1999 na Revista “Cadernos Literários” em Lisboa.
Em 2008 publicou através da Leya a colectânea de poemas A Ilha de Todos, tendo sido co-autor na edição do Livro A Ilha de Moçambique na Alma dos poetas de Autoria de Paulo Pires Teixeira.
Em 2016 publicou a colectânea A Ilha Insólita através da Alcance Editores em Moçambique.
Em 2017 participou no IV Encontro de Poetas da Líhgua Portuguesa em Lisboa ,tendo sido o principal orador.
Em 2018 participou ne Edição da Antologia do V Encontro de Poetas da Língua Portuguesa com a publicação de dois poemas alusivos à Ilha de Moçambique.