Eliana Mora


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Terceira Visão
Descobri
que o infinito
onde repousam todos os mistérios e oásis
tem filial.
Teus olhos.
sem data
[do Baú]
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Sabor Crepuscular
dessa lembrança dá-me um corpo
e um poema
suave odor colorido
uma bruma e cegueira aos meus sentidos
um cansaço e uma febre assim
no início
de aparência e sabor crepuscular
dá-me do rio a margem
onde posso ainda imaginar algumas trilhas
contenção de águas
sombras a crescer em vias soltas
frondosas úmidas
suaves
dá-me o sabor de enlouquecer
de nada mais querer saber
[e não me acorde mais]
7/05/2009
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Uma urgência de sempre
Preciso usar as palavras
para que busquem raízes
para que se desatarrachem sentimentos
os coloquem então na superfície
para que então
junto com eles
brotem ou explodam os restos de guardados
em locais obscuros
para que então possam desfazer-se
[em contato com a luz]
Uma vida inteira a cavucar e [ainda aqui]
tesouros a descobrir
e restos de banquetes
a descartar
05/03/2017
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Direito à Propriedade
Todas as terras prometidas eram teu lugar.
Protegidas pela lei dos homens
engendradas nos tendões doídos de um amor nascente
reescritas aos pedaços em dias frios
e noites penduradas
insistentes.
Tu nem reparaste que estavam a te esperar_ papel passado.
[faltou tomar posse]
fevereiro/2008
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...Meu nome é Metáfora
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gestos
rubores
pensamentos
acordes iniciais de um poema
que ainda vai ser soletrado
sentido
amalgamado
nas cordas dos instrumentos
pelas tuas cordilheiras
e teus rios
até alcançar os últimos horizontes
do teu céu
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[aí, e só aí,
teu dia ficou completo]
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03/04/2016
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Resposta ao Tempo
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O tempo pára aqui no vácuo dos meus braços
a pedir colo
.
e eu
como qualquer mulher que tenha dado à luz
respondo sim
porque aqui
não há como negar afeto assim
a/feto
.
E a história o adormece
.
[v o l á t i l]
.
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30/05/2008
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A flor que se transforma
Do fundo da lira
nasce
como botão de flor
que anseia finalmente tomar corpo
aparecer
do fundo das ideias
plasmada em tanto sentimento
por estreitos vãos
passa
e se transforma
naquela belíssima palavra
robusta
bela
forte por natureza
[amada]
20/02/2017
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Eliana Mora nasceu no Rio de Janeiro, e teve a infância ‘embalada’ pelas músicas e poesias que seu pai compunha. Possui grau de mestre na “Arte de Dizer”, do Curso Olavo Bilac -, e em Jornalismo. Trabalhou em revista, rádio, televisão, e faz Assessoria de Imprensa. Promove seus próprios cursos de Voz e Interpretação de textos. Está no movimento modernista internacional Poetrix [MIP], e nas listas de discussão Escritas e Amante das Leituras: de escritos em língua portuguesa [poesia e prosa] Brasil/Portugal.
“Mar e Jardim”, com 152 poemas do período 1999/2002 -- é seu livro de estréia – de 2003. Tem seu espaço de Arte, Cultura e Poesia no endereço elianamora.com e liriodeserto.blogspot.com Hoje, com as redes sociais, fica mais fácil ler a poesia [com links para os blogs]. Exemplo: Facebook, Google+, onde atende pelo nome Eliana Mora [El].