Cultura

Mitologia da paisagem

Desde que se confrontou com o mistério, o homem, desde os seus primórdios, tem vindo a criar, à imagem e semelhança dos seus medos, seres prodigiosos que ele assume como tutores do invisível. Mas também criou, como necessidade de resposta à poética dos sentidos, um espaço de magia que se traduz, com os seres que nele habitam, numa Mitologia da Paisagem. 

 

O homem organiza-se num «núcleo de consanguíneos», numa rede de aliados e estranhos. Vive estribado num espaço no qual mantém relações de cultura tradicionais que constituem com ancestrais uma combinação sinergética. Coabitam na mesma geografia os viventes visíveis e os viventes invisíveis, não podendo sobreviver sem uma constante cooperação em simbiose com os espíritos da terra. Ainda que o tratamento desta matéria seja muito sensível e delicado, já que toca no universo esotérico e especulativo, esta outra dimensão é muitas vezes mal aceite e compreendida. Fala-se quase sempre entre o silêncio e o murmúrio de antepassados como dos génios ctonianos, ou seja, dos seres subterrâneos, e dos poderes telúricos, para os quais ninguém arrisca explicações racionais. 

 

Ao longo dos séculos, as sociedades rurais confrontaram-se num convívio, por vezes conflituoso, com os espíritos da terra. Os génios locais, duendes, diabretes, espíritos benéficos ou maléficos, segundo o ponto de vista do observador, heróis míticos criados conforme as necessidades do imaginário social, fadas, bruxas e feiticeiros constituem toda uma comunidade invisível, mas paradoxalmente omnipresente, com quem coabitam. 

Desenho de Francisco Goya, “Duendecitos”, 1799.

 

Os cultos agrários, de grande importância para os povos, permaneceram na Europa até às vésperas da Segunda Guerra Mundial, reaparecendo nesta «nova idade» através de meios propagandísticos, subvertidos em objectos de consumo, por um lado, e, por outro, em veículos de respostas impossíveis às angústias de quem vive esmagado pelo progresso cru e demolidor. 

 

Existia, assim, nos campos, toda uma «mitologia da paisagem» que nas mais diversas formas de relevo, das florestas e das águas, guardava um espírito da terra, um espírito do lugar. As toponímias revelam ainda estas concepções. 

 

As exigências autistas do liberalismo e a falaciosa modernização da economia rural num padrão de indústria agrícola dessacralizaram a sociedade campesina. E o novo olhar sobre as cidades e os campos não soube compreender a necessidade dessa rede de convivialidade e comensalidade. A deslocação em massa das populações para destinos diferentes e o desenraizamento cultural têm comprometido a relação do homem com o grupo, levando ao olvido afinidades ancestrais como protectores mágicos que constituíam a mitologia da paisagem que suportava sortes e medos, desejos e angústias, numa relação mágica de fés e crenças à margem das instituições poderosas que queriam fazer passar a exclusividade da relação com o mistério. Se bem que o povo frequentasse os seus templos, era na relação com os seres invisíveis, com os espíritos do lugar, que se reconhecia na sua essência mais pura. Havia aqui, portanto, dois factores de coesão. Uniam-se num mesmo conjunto de crenças e práticas domésticas, mas também na participação periódica em ritos, orações e ofícios. E o que é interessante verificar é que em todas estas microsociedades se estabelecera, na partilha com os seres invisíveis, uma relação que proporcionava ao homem o que ele mais precisava: no plano afectivo, a segurança; no plano intelectual, a certeza. A profunda crença nessa mitologia organizava o comportamento local de cada grupo. Nos tempos que correm, constatamos que toda essa paisagem foi transformada. 

 

Verifica-se, contudo, a indução de um novo desejo de um pseudo-retorno a esse plano de identificação colectiva, com a promoção de produtos artísticos, seja através do cinema ou da literatura, de ficção científica, a uma Idade Média do futuro, onde pequenas sociedades são martirizadas por poderes maléficos, dando lugar ao aparecimento de heróis retirados da mitologia da paisagem como salvadores do colectivo esmagado. Esta memória ancestral vai recuperar para o quotidiano, ainda que de um ponto de vista folclórico, todo esse manancial afectivo dos seres invisíveis que regressam, assim, à convivialidade e comensalidade de novas gerações, apesar das perversões a que estão sujeitos. 

 

A ancestral mitologia da paisagem reaparece, deste modo, associada aos prazeres universais da vida quotidiana, onde tutores e protectores socorrem desaires económicos, desencontros amorosos ou insucessos sexuais. 

 

Observamos que reaparecem duendes, fadas, elfos, silfos, sereias, toda uma panóplia de seres, expostos numa montra gigantesca de sonhos. 

Quadro de August Malmström, “A dança dos elfos”, 1866.

Como se chegassem de um passado remoto, deixam de ser matéria morta e esquecida e reabitam a paisagem sagrada, na sua infinita variedade. Restabelece-se a ligação entre a dimensão oculta, ou seja, o outro mundo, e os novos locais numa relação de proximidade a que não é alheia uma certa sedução. Redescobrem-se as simbologias, a partir dos entes das florestas, que narram experiências que têm vindo a ser elaboradas, numa relação dialógica com o lugar. 

 

A cada grupo de seres aparentemente invisíveis é-lhe dada a responsabilidade, com as suas histórias e lendas, da demonstração ritualística que a vida quotidiana apresenta em cada povoação. Estes rituais, através dos seus magos, ensinam e apontam comportamentos, curam, perdoam, rejuvenescem, aliviam, mas também podem punir numa aceitação paradoxalmente libertadora. Através de uma linguagem metafórica, muitas vezes abusivamente interpretada, os poetas dos bosques celebram o grande exercício da imaginação humana. Mas estes rituais de comunicação entre seres invisíveis e visíveis têm a função de prevenir excessos que possam ferir a biologia da sua mãe, a floresta, o lugar, o planeta, reproduzindo os eventos míticos da natureza, da mãe, constituindo-se num sistema cultural, com as suas teorias e as suas práticas. 

 

«Yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay». Esta é uma expressão que se popularizou para desvelar o medo da consciência humana. Muitos, alheios aos sistemas sociais e culturais do seu meio, ironizam constantemente a existência de seres elementais, como se esquecessem que eles despertam em todos nós o universo lúdico que guardamos, por vezes, com vergonha. A verdade é que as fadas, os gnomos, as ondinas, os elfos, os duendes e tantas outras famílias dos elementos foram matéria de muitos escritores que através de milhares de páginas ainda nos encantam com os seus poderes mágicos, ajudando-nos a combater a frialdade que os seres humanos, por razões várias, adquiriram em novos hábitos de ofensas ao meio onde vivem. 

Ilustração de uma fada, por Luis Ricardo Falero (1888).

Os seres elementais são o espírito e o corpo escondido da natureza. Vivem na dimensão dos elementos de acordo com a inventividade imaginativa do homem. Os da Terra, duendes, gnomos, elfos e hamadríades, os espíritos gritantes das árvores, para enunciar os mais significativos nas culturas do ocidente, protegem os reinos animal, mineral e vegetal. São os habitantes privilegiados de Sintra, serra inspiradora de inúmeros mitos, onde reina também a insondada e tão celebrizada moira encantada. Já Leite de Vasconcelos refere as moiras encantadas como seres dotados de força sobrenatural que vivem adormecidos enquanto não lhes for quebrado o encanto. São sedutores e apresentam-se aos caminhantes com objectos preciosos que guardam e outras propostas. Mas, segundo as crenças, ou seja, a imaginação, podem transformar-se em serpentes, numa alusão à mulher-demónio expulsa dos céus ou do paraíso. A moira encantada de Sintra guarda nos seus domínios tesouros mouriscos que enriqueceriam e proporcionariam grande poder a quem os encontrasse. Tesouros que nos remetem para uma revelação secreta e divina. Não é só o poder material que é oferecido, mas algo mais: o acesso ao conhecimento, à gnose. Onde haja um castelo, um lago e um bosque encantado, encontraremos a moira, guardiã de tesouros. Sedutora por excelência e desejando ser desencantada torna-se a primeira escolha de quem a descobre, renunciando assim às preciosidades dos cofres mouriscos. 

Cova encantada, Sintra

Os gnomos habitam o espaço das nossas fontes de sobrevivência assim como ocupam os recantos domésticos das nossas vivências. A sua preocupação maior é a protecção da casa enquanto espaço da sua convivialidade com os humanos, mas desenvolve ao mesmo tempo as recriações lúdicas em jogos infantis. É, por isso, que as suas travessuras são motivo de riso dos mais pequenos e de desespero dos adultos que mantêm, por vezes, com eles relações de conflitualidade. Sabem que existem mas nem sempre podem vê-los na sua verdadeira dimensão. E quando isso acontece, nas celebrações pagãs da luz e das colheitas, confirmam a sua presença, potenciando o sentido da fé e da festa, enquanto espaço de religação. Esta família é a que se encontra mais próxima da realidade rural deste concelho. Há, contudo, muitas espécies de gnomos a habitar distintos espaços da mitologia da paisagem: gnomos das árvores, domésticos, das dunas, das neves, das minas, dos bosques, dos jardins, das grutas.  

 

Quadro de Carl Spitzweg, “Gnome watching railway train”, 1848.

Os elfos, ainda que sejam originários da mitologia da paisagem germânica e nórdica, habitam nas várias projecções de Avalon e nos seus bosques encantados. São divindades da natureza e da fertilidade. Seres de longa vida, reconhecem-se pela sua grande beleza e sedução. Objecto da imaginação de muitos escritores, foi precisamente com Tolkien que viram reconhecida a sua dimensão mediática, tornando-se numa espécie de figuras públicas entre os elementais. A sua função primordial é indicar às comunidades humanas que regem a senda divina nos claustros do templo da natureza. Não é nossa intenção fazer aqui uma longa descrição das inúmeras famílias élficas e das suas complexas organizações hierárquicas e da arrogância dos seus elitismos. Já temos hoje muita literatura da imaginação que nos pode propiciar imensas histórias acerca destes seres fascinantes e que, entre nós, se dão a mostrar no auge da sua vaidade durante as luas vermelhas de Maio e Junho. Neste período exibem a sua sabedoria e partilham-na com os seus eleitos. São os responsáveis pela disseminação do amor à cultura como fonte de acesso ao divino, divulgando o gosto pela arte e pela filosofia. Esta é a família que habita nos parques mais íntimos da nossa serra. E que todos aqueles que os encontrarem sejam abençoados pelo culto do saber. Muitas são as lendas a seu respeito que nos contam histórias prodigiosas dos Eldar, Nandor, Falatrhim, entre outros. Este aspecto da mitologia da paisagem é muito interessante porque através dele poderemos aprender muito mais acerca de nós próprios e da magia que connosco coabita. E quando essa descoberta acontece, colectivamente o grupo torna-se mais coeso e mais curioso, isto é, com mais apetência pelo saber. É nesta paisagem do conhecimento que muitos poetas partem para as ilhas feéricas sem retorno assegurado. E uma dessas ilhas que nos aprisiona o encanto é esta casa da moira encantada.

 

A serra de Sintra, ao estar localizada a ocidente de todos os ocidentes, rodeada por mar e abundante água doce, revelada nos lagos e lagoas mágicas, nas suas fontes encantadas, nos riachos e ribeiras prodigiosos, é cuidada também pelos seres deste elemento: tritões, sereias e ondinas. Desocultam-se facilmente aos olhares das crianças, falam com elas e contam-lhes histórias de outras dimensões que dificilmente os adultos entendem. Este primeiro contacto entre o mundo infantil e o universo mágico é aquele que vai facultar o acesso às portas do sonho, onde se recriam novos espaços quando aparentemente as crianças se confrontam com a solidão.

Pintura de John William Waterhouse, “Ondina”, 1872.

As Sereias são as mulheres-pássaros segundo as fontes gregas e as mulheres-peixes segundo as fontes nórdicas. Simbolizam os perigos do oceano e a morte no mar. Em histórias posteriores revelam-se como mulheres jovens vivendo no mar, uma espécie de fadas marinhas. Na mitologia grega, as sereias habitavam uma ilha do Ponnant, cerca da ilha da feiticeira Circe; mas o cadáver de uma delas, Partênope, foi encontrado na Campânia e deu o seu nome à cidade que hoje se chama Nápoles (antes, Partênope). Na antiguidade, as comunidades marítmas invocavam as sereias no momento da morte, podemos constatar que muitas estátuas que as representavam são encontradas nas sepulturas. Pode dizer-se que se acreditava na sua existência, sendo conhecidas várias narrativas de sereias viventes. Na Odisseia de Homero, o herói, Ulisses, é avisado pela feiticeira Circe, para não se deixar levar pelos encantos das sereias, ao passar próximo da ilha onde habitam, tapando os ouvidos dos marinheiros e amarrando-os ao mastro do navio. Esta lenda foi transposta ou plasmada nas narrativas efabulatórias dos nossos Descobrimentos. Assim, as sereias passaram a ser um símbolo mitológico das artes da sedução e da atração feminina. 

Pintura de John William Waterhouse, “A mermaid”

 

Os seres elementais das águas doces são representados pelas ninfas, ondinas, espíritos das águas e náiades. Retiram a energia do sol para difundi-la pela água. As ninfas regulam o fluxo da água na paisagem e dão carácter, temperamento e identidade aos espaços húmidos, como poços, lagos, lagoas, fontes. Dizem que podem ganhar a forma de peixes. As ondinas são responsáveis por pequenas quedas de água que salpicam a serra e pela vegetação circundante. Têm a beleza das sereias, gostam de música e de dança. O seu dom para a profecia, ainda que possa ajudar eventualmente os seres humanos, pode puni-los se a sua conduta se revelar contra os princípios da natureza. 

Pintura de John William Waterhouse, “Hylas and the nymphs”, 1896.

As entidades do fogo, as salamandras, operam nas labaredas da imaginação, revelando-se na dança do fogo. As salamandras ou espírito ígneo, encontram no subsolo vulcânico a sua residência, assim como nos relâmpagos e nas fogueiras. São mais poderosas que as fadas dos jardins, mas estão, também, mais distantes da humanidade. Operam na transformação e transmutação dos seres e são responsáveis pela conversão de matéria em decomposição em solo fértil. Agem como espíritos de inspiração, mediadores entre o mundo celestial e os níveis físicos de criação, assemelhando-se, ainda que com outra potência, às musas. São as entidades que mais afastadas estão da comunidade humana, mas aquelas que mais acompanham os criadores, uma vez que guardam os mistérios e os segredos do fogo, transformando o fogo físico, difícil de controlar uma vez que tem a ver com o desejo desencadeado pela paixão resolvida com o acto sexual, em fogo sagrado, aquele que religa a espiritualidade do homem com o cosmos. É também o ser elemental que purifica a alma humana. Como espírito do Sol, o fogo ou o ser ígneo, é o que favorece a transmutação, indicando o caminho luminoso dos ensinamentos universais. É aquele que nos faz olhar para o céu e compreender o seu texto. É o elemento da visão pura e o que ilumina a nossa aura, ou seja, é o elemento luminário que preside ao homem, enquanto ser criador e transformador. 

Imagem de uma salamandra. Século XVI, retirado do livro Book of lambspring.

 

 Finalmente, os elementais do ar são os senhores dos ventos. Residem na casa das brisas e chamam-se silfos e fadas. Ninguém sabe de onde vem a desmedida atracção dos homens pelas fadas. São milhares as histórias de amor proibido entre o homem e a fada que os converte em seres perdidos numa dimensão onírica de desejos. Ela transforma os momentos de desilusão e de perdição do homem numa paisagem luminosa, paradisíaca, onde qualquer relação com o terreno deixa de fazer sentido. Mas há códigos de honra a cumprir. Códigos que são plasmados do que deveria ser a conduta dos comportamentos humanos. E mais uma vez a mitologia da paisagem aponta o caminho do respeito e da lealdade para que as comunidades coabitem numa relação de dignidade e prosperidade. A recusa da cobiça, da inveja, da maledicência só pode ser assumida na plenitude quando o grupo coeso se basta a si próprio. As nossas fadas vivem junto dos castelos e palácios antigos, são esbeltas e produzem súbitos raios de luz à sua passagem, iluminando fugazmente os caminhos do sonho e da criação artística. Costumam acompanhar elfos da mesma origem, patrocinando ápices de inspiração genial. No ciclo arturiano, Ginebra ou Guinevere, é uma «dama branca» ou fada que encantou e projectou o seu rei. Como a rainha mítica também as nossas fadas montam cavalos ou unicórnios verdes como as folhas das árvores e azuis como os céus de onde vêm. A sua existência é justificada pela ordem e normas que impõem no seio da comunidade. Um dos seus aspectos mais interessantes é o seu empenho na limpeza e higiene da casa, daí a expressão «fada do lar», e os costumes ordenados: bom aquecimento, grande higiene, uma boa alimentação e um grande apreço pelos outros facilitam a convivialidade entre as microsociedades e os espíritos da terra. Desprezam a avareza e a economia, promovendo na sua dimensão mágica a alegria e a generosidade, revelando-se também como protectora dos seres apaixonados. Afastam-se das mentes sombrias porque o seu fado, de onde vem a sua designação, é o destino do júbilo pela vida. Nesta serra encantatória e lunar, cuja origem mítica se enquadra no espaço das Avalon, poderão habitar as Morganas, as Guineveres, as Melusinas locais protectoras da mítica família de Lusignan, representando, sobretudo aqui, a energia mítica das mulheres, o eterno feminino, cujos poderes são atribuídos a estes seres elementais.  

A natureza encerra inúmeros mistérios que a imaginação humana potenciou numa aprendizagem do medo e da magia. Tem despertado cada vez mais interesse nas novas gerações, provavelmente porque elas entenderam que há três tipos de homens: os vivos, os mortos e os que navegam, ou seja, os que sonham o sonho impossível.

 

Luís Filipe Sarmento nasceu em Lisboa, a 12 de Outubro de 1956. Jornalista, Escritor, Tradutor e Realizador de Televisão.

Alguns dos seus livros e textos encontram-se traduzidos em inglês, espanhol, francês, italiano, grego, árabe, mandarim, japonês, romeno, macedónio, croata, turco e russo.

Produziu e realizou a primeira experiência de Videolivro feita em Portugal no programa Acontece para a RTP (Radiotelevisão Portuguesa).Coordenador Internacional da Organization Mondial de Poétes (1994-1995).Membro do International Comite of World Congress of Poets. Presidente da Associação Ibero-Americana de Escritores (1999-2000). Coordenador para Portugal da World Poetry Movement. Participou em mais de 100 festivais, congressos e feiras internacionais.

 

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